O que aparece quando as máscaras caem?

Será que ainda sobra um pouco de você no final do dia?
Debaixo das olheiras de cansaço por fingir ser outra pessoa.
Debaixo da pele que você esfrega com força no banho pra tentar tirar as mentiras que contou não para os outros, mas para você.
Depois dos vícios que você busca refúgio pra fugir do que vê no espelho.
Depois de passar um dia inteiro carregando as falas de outro alguém.

Será que ainda sobra um pouco de você no final do dia?
Quando não tem ninguém olhando pra dizer se o que você faz é certo ou errado.
Quando não tem ninguém olhando para os seus pecados e dizendo, no olhar, que você deveria ser alguém melhor.
Após vários segundos olhando pra quem você ama sem conseguir dizer o que sente ou quem você realmente é.

Será que ainda sobra um pouco de você no final de tudo?

Quando as pessoas que você costumava querer impressionar já não estão com você.
Quando as coisas que costumava almejar já foram alcançadas e nenhuma te preencheu.
Depois de buscar em soma de corpos e rostos estranhos um aconchego e acolhimento que você nunca se deu?
Ou então depois de passar naquela rua que você costumava ver tanta gente e dizia pra si mesmo “um dia eu vou parar aqui pra conhecer” e nunca foi. E nem irá. Já que essa rua hoje está vazia e aquele tanto de gente não volta mais.

Será que no final do dia, quando você sente um peso enorme nas suas costas, ainda resta um pouquinho, nem que seja um mero lastro, de quem você é?
Depois de todas as expectativas dos seus amigos, da sua família, do seu grande amor e de quem te odiou?

O que vem depois da máscara quando chega no final do dia e não existe nada no quarto além de você e sua forma mais crua de existir?